Fazia amor por amor de fazer amor

 

 

Eberh
Isabelle de Isabelle e de cavaleiro árabe

É que é um cabrão de um deserto! Eis o que um, e logo outro dos meus amigos, me disse. Falavam do confinamento destes dias, dunas de clausura, deserto de quarto, sala, cozinha, batidíssimo pela fina areia doméstica. Ora, ninguém conheceu o deserto como o conheceu Isabelle Eberhardt.

Isabelle tinha a cara desses rapazinhos que a natureza pinta com beleza de menina. Aos dez anos –seis, talvez –, a paixão dessa menina suíça do século XIX já era o deserto. O tutor, talvez pai ilegítimo, ensinou-a a escrever: tanto lhe ensinou matemática, geografia e química, como a aritmética e a geometria dos poetas, de alguns filósofos.

Isabelle só escrevia sobre esse Sáara que nunca vira, mas que a obcecava. Tinha visões do Mahgreb como os nossos pastorinhos de Aljustrel, concelho de Fátima, tiveram visões da Senhora lá do céu. Isabelle lia tudo, correspondia-se com militares e políticos do deserto, escorpiões até, a camuflada víbora-cornuda do deserto argelino. Não se lhe conhecendo bonecas como a boneca sem uma perna que Agustina guardou da infância e um dia me mostrou na sua casa do Gólgota, desta menina sabemos que escreveu, em idade de bonecas, com pseudónimo tão macho com as calças e o casaco que vestia. Igual aos marinheiros de Cronstad, que o miserável escorpião chamado Trotsky assassinaria, fotografou-a de marinheiro vestida um fotógrafo, o mesmo que a levaria, aos vinte anos a finalmente conhecer o deserto. E logo o Sáara se ajoelhou, agarrado às pernas de Isabelle, numa doentia declaração de amor, que é a forma do deserto amar, como sabe quem leu com olhos de ler “O Principezinho”.

Para fúria e ranger de dentes da colónia francesa – e se eu sei como rangem os dentes coloniais – o tão bonito rapazinho que era esta menina de vinte anos vestiu-se de árabe, de homem árabe, albornoz e turbante, e casou com um deles, mergulhando no deserto, em caravanas que se roçavam pelo perigo, pela intriga, pelo golpe de um punhal, tanto ou mais aventureira do que o poeta Rimbaud, traficante de armas e escravos nos desertos etíopes. Aprendeu a língua, converteu-se ao Islão e adoptou o nome de Si Mahmoud Saadi: só como homem podia ter a liberdade das aventuras que vivia com homens, mesmo se fosse, depois, a mulher que nela se escondia a deitar-se e dormir com eles. E tudo os árabes lhe aceitaram, haxixe, álcool, a desregrada vida sexual – fazia amor por amor de fazer amor –, acolhendo-a mesmo na Qadiri, uma irmandade sufi, sem ter de passar pelos habituais ritos iniciáticos.

Temendo que Isabelle, de albornoz e turbante, fosse agora espia e agitadora, as autoridades coloniais francesas encomendaram a sua morte. Atacou-a, estava Janeiro de 1901 exangue, um árabe, com um sabre. Um golpe na cabeça, outro que quase lhe levou um braço, Isabelle sobreviveu. O árabe garantiu no tribunal, e não serei eu a desmenti-lo, que fora Deus a ordenar-lhe o ataque.

Isabelle vagabundeou então por oásis, desertos e montanhas, fez amizade com generais da Legião estrangeira e, rosto afável do colonialismo, quis aproximar militares e o povo árabe. Com malária, talvez sífilis, sem dentes, regressou ao casebre do marido, o árabe da sua vida, na noite em que uma enxurrada, tudo levando à frente, a levou também a ela, para vaguear nesse outro deserto que é a morte. Tinha 27 anos. Encontraram o seu corpo, de cavaleiro árabe vestido, enterrado na lama e nos destroços. Viveu em sete o que em cem anos ninguém vive: a absoluta solidão do deserto, um nomadismo que tem na morte a sua única certeza.

Isabelle_Eberhardt
Isabelle, toda maruja

Crónica publicada no Jornal de Negócios

De Abril a África, rompendo o cerco

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Foto de Alfredo Cunha

Estas foram as Bicas Curtas que servi no CM nos três últimos dias de Abril

O irritante de Abril
O irritante do 25 de Abril é o PCP. Armado em proprietário e patrão do 25 de Abril, o PCP exclui e afasta quem queira ter a visão aberta e larga da data, que consiste nestas duas coisas simples: deixámos de ter Pides e ganhámos a liberdade, para fazer dela o que quisermos. Ora, o PCP tem a visão reclusa do que chama “cumprir Abril”. Só que “cumprir Abril” é criar uma sociedade que, onde é feita, morre a liberdade e há novos e piores Pides.

Abril cumpriu-se: é a liberdade e a democracia. Poupem-nos à seca do catecismo vermelho e à seca do paleio reumático oficial. Abram a festa, pá, com mais beijos do que punhinhos fechados.

Romper o cerco
O confinamento rouba horizontes. Põe-nos sempre de dedo na ferida: ou gritamos contra os horrores de Trump ou contra a tutela da China, que tolheu a OMS. Lembro que Taiwan comunicou à OMS, a 31 de Dezembro, a transmissibilidade do Covid entre humanos. A OMS silenciou a informação até 20 de Janeiro. Taiwan não pode existir ou falar: a China proíbe.  Romperemos este cerco?

Faz hoje quase 6 séculos, Joana d’Arc rompeu o cerco de Orleães, e voltou a dar o sabor da vitória aos franceses na Guerra dos Cem Anos. Há 75 anos, os americanos libertaram o campo de concentração de Dachau. Eram cercos bem piores. Estamos obrigados à esperança.

A ciência salva
Um dos meus consolos contra o destrambelhado vírus, que nos fechou entre a cama e a cozinha, é ver que poupou África. Poucas vítimas, felizmente. E mais me alegra ver o africano Thierry Zomahoun, líder em iniciativas de educação, reclamar para África um papel de relevo na investigação científica, quer no Next Einstein Forum, em Dakar, quer no Instituto Africano de Ciências Matemáticas. Muitos alternativos e velhos progressistas anticoloniais diabolizam a entrada de África pela porta grande da ciência e tecnologia. Mas, que diabos, não é com micro financiamentos ou mini redes hidráulicas que a África sairá da cepa torta.

Elogio do Pecado

Esta Bica Curta foi servida no CM no dia 8 de Abril, há meia eternidade, portanto

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Elogio do pecado

Peço perdão: estou farto de virtude. No Sermão da Montanha, Cristo chamou aos perseguidos e injuriados o sal da terra. Pois eu, que não sou digno de lhe tocar a fímbria do manto, proclamo que o pecado é o sal da vida. O confinamento rói a alegria da rua, o gosto do consumo. Apetece-me ir comprar o kamasutra à livraria do bairro, beber dez bicas curtas no café da esquina, e que venha a Primavera, os jacarandás, as saias curtas das raparigas.

O abominável vírus é moralista até à quinta casa, chato como a potassa. Prende-nos o corpo para nos matar o espírito. Morra o vírus. Que o pecado nos devolva a liberdade do corpo e do espírito.

Prazer proibido

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Há rios de champanhe na vida de Orson Welles. E eu devia ter escrito “champagne”, sem cedências ortográficas, com o mesmo imperativo com que Welles o exigia estupidamente gelado, quando, confessando-se a Deus, disse: “Há três coisas intoleráveis na vida, café frio, champanhe morno e mulheres sobrexcitadas.”

Hoje, uma horda de homens e mulheres sobreexcitados pisa e seca o rio de champanhe de Orson Welles. Arrebatados por um ardor evangélico, de tipo apeado e vegetal, os novos hunos estão possessos do espírito de um Savonarola, prontos a queimar hereges na praça pública.

Queimariam já, em apocalipse e fúria, o anafado Hitchcock, hedonista epidérmico, que exigia à produção dos seus filmes que vestisse as actrizes com a roupinha interior sumptuosamente cara. Reparem, os filmes de Hitchcock eram inexibicionistas, de um pudor que tomariam certas alas do Vaticano.

“Mas, Alfred, ninguém vai ver o raio do sutiã”, gemia o produtor. E logo o pérfido inglês explicava: “Ninguém vê, mas a actriz sente.” Vestia-as de La Perla, digo eu, sutiãs e cuequinhas de seda, um debruado finíssimo fio de ouro, um recôndito diamante. Nos filmes que fizeram com ele, Grace Kelly, Kim Novak, Eva Marie-Saint ou Tippi Heddren provocam ao espectador inomináveis sensações que o espectador sente, sem saber que só as sente pelo que verdadeira e não fingidamente a pele das actrizes sentia.

Hitchcock é o cineasta anti-pessoano por excelência, o que talvez fosse o começo de um belo parágrafo se fosse disso que eu quisesse falar. Não quero. Quero é vingar o hedonismo ofendido. Quero vingar o gosto dos prazeres de boca que se via num Mário Soares ou num François Miterrand, num Ernest Hemingway, nos fálicos havanos que as bocas, não obstante comunistas, de Fidel de Castro ou do mítico Che Guevara chupavam impudicas.

Cantemos a empada de perdiz, a delícia do foie-gras fumado, a lebre com trufas, o húmido e vermelhíssimo tártaro, a delicadeza do cozido à portuguesa, a graça rural da feijoada à transmontana, a fina subtileza de umas iscas, o queijo… e peço perdão, pluralizando penitente, os queijos da Serra e de Serpa, amanteigados ou curados, o Comté, que as vacas francesas Simmental nos prodigalizam, o Brie de Meaux.

Olhos vegan espreitam-nos a cada esquina, tremendas máquinas de olfacto perseguem o aroma de um Partagas série D n.º 4, príncipe dos havanos. São olhos vigilantes: perseguem cada garfada, cada copo ou cálice. Trocaram a velha treta da exploração do homem pelo homem, pela marcação homem a homem. Há um exército de conspícuos e virtuosos especialistas prontos a proibir, prontos a culpar-nos pela boca, narinas, palavras, desejos e mesmo omissões. Estão prontos a pendurar o último hedonista, pela língua, nos pelourinhos da Imprensa e das redes sociais. Em ataque às gorduras, molhos, carnes, aos vinhos que o poeta persa cantou, ouçam essas vozes mansas, todas derretidas em inflexões angélicas, a culparem-nos, prometendo-nos estágios num purgatório de onde só se sai para o inferno. Impele-as o terrorismo de um bárbaro bem-estar.

A darmos ouvidos, melhor será dar ouvidos ao passado. Mesmo o naturalíssimo bom selvagem que talvez houvesse em Rousseau nos avisou: “Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias e a grande reserva à mesa anuncia muitas vezes virtudes fingidas e almas dúplices.” Uma variada mesa à sua frente e nela a estética natureza morta de vinhos, peixe e carne, outro filósofo, um deliciado Voltaire, põe-me estas palavras na boca: “Escolhi ser feliz, porque é bom para a saúde.”

Publicado na minha coluna “Vidas de Perigo, Vidas sem Castigo”, no Jornal de Negócios

Manifesto das aspas curvas

Pode o amor pela língua, pela nossa, a língua portuguesa, ir a par com algum espírito de tolerância? Lembrei-me disso, há tempos, quando numa revista em que colaborava me pediram, com bons modos e um quilograma de cortesia, que não usasse as aspas inglesas (” “)  por ser boa prática usar as aspas latinas («»). É, de resto, a prática seguida na Guerra e Paz editores pelos nossos ferozes revisores.
O meu convívio, que eu bem gostava de ver melhorado e acrescentado, com dois autores com competências linguísticas, o Marco Neves e, agora, o Fernando Venâncio, cuja magnanimidade me impressiona, incitou-me a publicar este breve manifesto, que só a mim me implica, não sendo aqueles meus autores responsáveis pelas minhas maluqueiras e, muito menos, pelas minhas graves asneiras.
Seja como for, todas as razões são boas para vos lembrar que, na 3.ª feira, às 18:30, na sala de Âmbito Cultural, no 6.º piso do El Corte Inglès, lançamos o belo
Assim Nasceu uma Língua, com a presença do Fernando e do Marco.

CONVITE_assim nasceu

E agora divirtam-se com este texto diletante

Abaixo a discriminação. Não sei o que deu aos grandes líderes e educadores das massas ortográficas, mas isto é inaceitável. Querem acabar com as aspas curvas. Discriminar desta forma as aspas inglesas, lá por estar em curso o Brexit (em regime de marcha lenta, note-se), fere os meus mais profundos sentimentos igualitários. O que têm afinal a mais as aspas latinas? Que poder autocrático lhes reconhece superioridade sobre a curvilínea elegância das outras?  E onde é que, em nome de Deus, o angular é melhor do que o curvo?

O que farão a seguir os grandes líderes, na sua vertigem trumpo-norte-coreana? Acabar com o hífen? Não permitir que se chame cerquilha ao cardinal, negar três vezes o pé de mosca, a meia-risca, o ápice ou a chaveta? Ou obrigar-nos a todos a usar o ponto de interrogação invertido?

E se os sinais gráficos são agora sujeitos a este tratamento classista, praticamente czarista e pré-outubrista, o que acontecerá aos sinais diacríticos, ao mácron ( ¯ ) e à braquia ( ˘ ), ao gancho polaco ( ˛ ) e, sobretudo à paixão da minha vida, a querida e biunívoca diérese ( ¨ )?

É com um temor e tremor ortográfico que apelo aos nossos melhores espíritos para que, com um ponto de exclamação, contenham os seus Linguistas e Gramáticos Plenipotenciários, não digo com ponto final, mas aplicando-lhes um par de colchetes.

Abaixo a luta de classes no reino da Ortografia!

Vão-se lá fender

Les Baigneuses
A dulcíssima indolência da carne

Ninguém voltará a pintar a mulher nua. A dulcíssima indolência carnal das “Banhistas” e das “Grandes Banhistas”, que Pierre-Auguste Renoir pintou há mais de cem anos, é varrida com escândalo para baixo do tapete pelo austero progressismo de género da revista New Yorker. Há 40, mesmo 30 anos, eu juraria, olhos rasos de lágrimas, mão sobre a New Yorker, muito mais do que sobre a Bíblia. Depois vi os novíssimos catecismos invadir-lhe as páginas, o reaccionarismo teórico-progressivo a julgar as artes, o cinema, agora a pintura. O pintor Renoir, diz um crítico, deve ser corrido do cânon: o olhar masculino e patriarcal ofende. Ora, se a vogal inicial me dá licença, vão-se lá fender!

Eis a sombra que teima em derramar-se sobre as nossas vidas: temos medo de passar a língua pela sensualidade e de enfiar o dedo no deleite. O prazer está a tornar-se clandestino

Quem poderá hoje pedir, como o poeta Herberto Helder, “dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue, com ela encantarei a noite”? Quem poderá pintar, como Renoir ou Manet, a nudez das banhistas, a deitada Olympia, os pequenos almoços sobre a erva? Pior, quem ousará voltar a pintar a volúpia trágica, arrepanhada, de dedos no crânio ou na vulva das mulheres de um Egon Schiele?

Onde está a América inocente, de grandes olhos juvenis e curiosos, a descobrir o sabor e requinte da França, essa América de Gene Kelly e de Vincent Minnelli, a sapatear bons dias na cara sorridente de Paris? Onde está a América que recebeu em Hollywood, o cineasta Jean Renoir, filho do agora execrado pintor de banhistas opulentamente nuas?

Eis o que penso: a New Yorker é como o dono do urso que Jean Renoir contratou para o seu filme, “Swamp Water”, em 1941, nos pântanos selvagens de Okefenokee. Renoir precisava de um urso. Um homem, nas profundas da Georgia, tinha um em cativeiro. Capturara-o bebé, a conselho de um velho feiticeiro índio, para fazer companhia à linda menina sua filha, que tinha crises de epilepsia. O feiticeiro tivera razão, na companhia do urso a menina não voltou a ter ataques epilépticos.

Renoir foi buscar o urso e ficou abismado com a sua gulodice. Passaram por uma casa de gelados e o urso urrou sem parar até lhe darem meia cassata. Preparou-se tudo para as filmagens e o urso ficou com o dono a dormir na aldeia. Foram buscá-lo, no dia seguinte, e a Renoir ia-lhe caindo uma coisinha indigna aos pés. O dono tinha levado o urso ao cabeleireiro e fizera-lhe uma juba que o deixava entre um caniche e um leãozinho. Para ultraje e desespero do seu dono, o urso de Okefenokee não entrou no filme. Eis o que querem pôr nos filmes: o urso que já não é urso. Eis o que querem verter na tela: a nudez que já não é nudez.

Jean Renoir estraçalhava a língua inglesa com a sua pronúncia francesa. Nesse filme, deu os pequenos papéis à gente dos pântanos, aos habitantes de Okefenokee. Numa cena com o actor principal, Dana Andrews, uma jovem vinha da margem de um ribeiro e subia para uma canoa. Nervosa, fez a coisa a alta velocidade. Iam repetir, ela vinha de novo acelerada. Renoir gritou “Miss, wait a little”, mas o “wait” saiu-lhe com pronúncia de “wet”. Em vez de a mandar esperar, estava a pedir-lhe que, “wet a little”, fizesse um bocadinho de xixi. A jovem, escandalizada, perguntou a Dana Andrews: “Ele quer mesmo que eu faça…” O actor, vivíssimo e deliciado, disse-lhe: “Querida, sabe que estes cineastas estrangeiros têm ideias muito esquisitas.” Os pintores também.

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Outro Renoir: nos pântanos selvagens de Okefenokee

Publicado na minha coluna “Vidas de Perigo, Vidas sem Castigo”, no Jornal de Negócios

A arte e o crime

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Bica tirada no CM, 4.ª feira, dia 11 de Setembro

Os portugueses vão ver. Os americanos não. “Um Dia de Chuva em Nova Iorque”, último filme de Woody Allen, estreia em Portugal, em Outubro. Na verdade, estreia em todo o mundo menos numa América neo-macarthista, refém da histeria de acusações que fazem mais lei do que a lei. Acusado de abusar da filha adoptiva, filha da sua ex-mulher Mia Farrow, Allen foi investigado e ilibado por dois juízes em estados americanos diferentes.

Mas acima da culpa ou inocência dos criadores, está a absoluta liberdade das obras de arte. O poeta Rimbaud traficou escravas. O pintor Caravaggio matou. Porém, as suas obras são e serão faróis da humanidade.

O novo PREC

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Há uns anos tive o prazer de subir esta escadaria: UCLA

Bica Curta servida no CM, 3.ª feira, dia 16 de Julho

O novo PREC, Polémica Racial Em Curso, tem um mérito: pôs a nu o medo na universidade. Num artigo veemente e frontal, o sociólogo Gabriel Mithá Ribeiro acusou a universidade de ostracizar quem não pensa pela cartilha de esquerda nas chamadas ciências humanas.

Mas o medo de falar – essa velha insídia salazarista – já passou da universidade à vida social. O espectro de décadas de pensamento unidimensional, a que a esquerda se rendeu, assombra cada conversa, cada bica curta. Há uma ameaça de censura e de exclusão, que não honram a liberdade de pensamento e a vontade de saber que esquerda e direita não extremistas têm de partilhar.