Andrea Motis é catalã, belíssima cantora, belíssima música. Que boa que é a solidão saída da boca dela.
A forma que ela tem de cantar em português enche-nos de saudades. De quê? Olha, saudades…
A Página Negra de Manuel S. Fonseca
Blog de escrita e de reflexão lúdicas. Um lema: chatices não!
Andrea Motis é catalã, belíssima cantora, belíssima música. Que boa que é a solidão saída da boca dela.
A forma que ela tem de cantar em português enche-nos de saudades. De quê? Olha, saudades…
Charles Laughton é para aí avô de Francis Coppola. Em 1940, vestindo a pele de Tony Patucci, o actor Charles Laughton foi dono de uma vinha em Napa Valley. Coppola tinha então menos de um ano e vivia em Detroit, longe de saber o que era um cacho de uvas e uma garrafa de vinho e mais longe ainda de saber o que o século XXI faria a Detroit.
Tony Patucci era um imigrante italiano que Sidney Howard tirara das suas meninges de dramaturgo, fazendo dele o protagonista de “They Knew What They Wanted”, peça com que ganhou o Pulitzer. O realizador Garson Kanin fez da peça filme e, com lógica inatacável, convidou o britânico Charles Laughton para ser esse imigrante italiano de grandes patorras para pisar uvas. Note-se, Laughton era todo Shakespeare e Old Vic, e no cinema fora o desmedido Henrique VIII, o obcecado capitão do “Motim na Bounty”, o humilhado Quasímodo do “Corcunda de Notre Dame”.
Laughton era grande, desajeitado, maior do que a vida e um arrogante senhor de si mesmo como é qualquer pessoa insegura se a virmos sem a lente de aumento. Apareceu a Kanin já maquilhado e com um sotaque italiano de estarrecer Umberto Eco. O sotaque era execrável, mas a maquilhagem era muito boa, a começar num delicioso bidoginho negro, todo olive oil. Foi o que lhe disse Kanin: “Eles fizeram um grande trabalho.” “Eles quem?”, estranhou Laughton, esquecendo-se do sotaque. “A maquilhagem”, sussurrou Kanin. “Só fizeram o que mandei”, encrespou-se Laughton.
Mas o pior era o sotaque. Kanin explicou que não era nada daquilo, que tinha de aprender com um jovem italiano, amigo dele, era esse o método… “O meu método – interrompeu-o Laughton – é estudar a pintura de Miguel Ângelo, escutar apenas Vivaldi e ler Dante em voz alta no original.”
Kanin fez uma semana de ensaios e o sotaque de Laughton gelou todos os actores: Dante deu meia-volta no túmulo, Don Corleone, se existisse, ter-se-ia arrependido dos seus crimes. Em segredo, o enorme actor aceitou o método de Kanin: teve aulas do jovem italiano. O filme estreou e o New York Times perguntou a Laughton: “Como é que conseguiu um sotaque italiano tão perfeito?” E logo se ouviu a humilde voz de Laughton: “Segui o meu método, estudei a pintura de Miguel Ângelo, escutei apenas Vivaldi e li Dante em voz alta no original.”
Temos presente a mais e o tempo, este tempo, é um cárcere. Sou inábil e inepto para o explicar, mas sei que a seta do tempo não existe. O passado está sempre a irromper no presente e o futuro já aconteceu. Acordam-nos pela manhã os nossos mortos e já dormimos há muito tempo com o amor que ainda nem conhecemos.
Não gosto deste tempo, da ideia de tempo com que vivemos o tempo, nestes 19 anos que dizemos serem do século XXI. É um tempo sem respeito pela língua que Einstein pôs cá fora a troçar da ideia de tempo absoluto. Olho para o planeta e só vejo um tempo, o mesmo tempo em todo o lado, presente, presentíssimo, único e newtoniano. É um tempo foguete, volátil, mas é um tempo de reaccionário sentido único. Pois claro é um foguete velocíssimo, dourado, tecnológico, mas tem as mesmas palas de um burro a uma nora: só vê em frente. O Einstein que habita em cada um de nós revolta-se. Precisamos, queremos, apelamos a tempos simultâneos. Não foi para isto, para que cerrassem o mundo num só tempo, que H. G. Wells inventou a estranha máquina de nele viajar, de viajar no tempo.
E que interessa H. G. Wells? O que interessa é o cinema. Qualquer um dos meus cinefilíssimos leitores sabe isso melhor do que eu, o cinema é a mais sofisticada máquina de viajar no tempo. E devia dizer, de voar o tempo. O tempo, no cinema, são farrapos de nuvens, sofrimentos antigos, alegrias futuras, luke skywalkers e princesas leias. Beija-se no escuro o fresco cadáver de Greta Garbo, foge-nos do braço a mão que corre a acariciar as pernas botticellianas da germânica Dietrich.
Há melhor. Coppola fez um filme que é uma loja de brinquedos por ser do fundo do coração que saem todos os tempos. Numa revolução einsteiniana, acabou com o conceito de “plano” tal como a clássica gramática do cinema o definia. Acções a acontecer no mesmo ou noutro tempo, no mesmo ou noutros espaços, cruzam-se, simultâneos, acendem-se e apagam-se na mesma imagem de One From the Heart.
Tenho, confesso-vos, a vida cheia de tempos. São tempos monozigóticos, meus gémeos. Como nuvens, passam-me pela janela do presente, aventuras, amigos, amores, lágrimas e risos do passado. Vejo o futuro e, sem exagerados anúncios, está lá o rumor de alguns jovens amigos que conversam no dia da minha morte. Que sabe do tempo quem não deixou entrar-lhe na vida o filme da sua própria morte?
Não, desta vez não se atrevam a espetar o dedo no peito da minha subjectividade. É estarrecedor de objectivo: tive um fim de adolescência de praia deserta. Privilégios coloniais. Das terras do fim do mundo, António Lobo Antunes escrevia cartas de amor e guerra para que eu andasse de caiaque entre os mangais, a meio caminho entre Luanda Sul e a foz do dolente Kwanza.
Antoine Doinel, o herói recalcitrante de “400 Coups”, filme de Truffaut, foge da casa de correcção e molha as calças numa correria louca pela praia de Villers-sur-Mer, na fímbria normanda da França. Antoine só não morre gelado por lhe ferver no peito o amor a Balzac. Pouco amor é lá agora amor! Fervia-me também no peito o desalmado amor a um poema, a um filme. Enquanto me diziam que em Portugal havia filas de gente nas arribas à espera de Sebastião, eu esperava, nesse Verão colonial, que começou em 69 e acabou em 70, que Ursula Andress emergisse venusiana, com aquele empolgante bikini 007, mais castanho navajo white do que amarelo caqui.
Deixe-me, leitor, abraçá-lo e escorregar por si abaixo em chorada confissão: pobre a vida humana que não tem um filme ou romance de peito a aquecê-la! Mas mais pobre ainda é o livro lido por quem não tem uma vida a ferver-lhe nas veias.
Foi nessas praias, a que nunca chegou Ursula Andress, que livros e filmes se me entranharam na alma decotada, mas a escaldar, que então tinha. Misturavam-se com as noites de fogueiras cantadas a somos filhos da madrugada pelo bando católico progressista a que pertencia, a fresca sede de amor a fazer com que no estreito banco onde jamais caberia um, se encaixasse o desejo equilibrista de dois. Obrigado, bom Deus, pelo catolicismo tropical e por tão circenses pecados.
Fim de confissão. Recomponho-me. O que lhe queria dizer, estimado leitor, é que a emoção é o sangue da arte. Saboreie a beleza – a beleza da praia de Thomas Mann revista por Visconti; a beleza da praia em que o louco Pierrot e Anna Karina se desenterram da areia; a beleza da praia que os helicópteros de Coppola enchem de Valquírias e napalm. E tenha medo – a insubstituível experiência estética anda ameaçada. A esquerda e a direita sempre quiseram pô-la de serventia. A teoria académica, de tão correctiva, quer, sôfrega, domesticá-la. Mil vezes a praia deserta.
Lembrei-me dos meus amigos, companheiros, camaradas do Escrever é Triste. Saudades reforçadas por saber que, afinal, são todos empreendedores e ligados ao grande capital. Não admira que, tentando reencontrá-los, tenha chocado com os mais clamorosos anúncios, sinais exteriores do alto bling-bling de todos eles e da sumptuária e inconsumpta riqueza em que vivem.
Comecemos pelo Norton. O Pedro, está claro. É Norton, sim, mas esqueçam lá o antivirus. O meu amigo Norton, se é unapproachable, é por outras e velozes razões, reiteradas há mais de um século em maravilhosos anúncios vintage.
E, diga-se, gerações mais recentes tendem a desmentir (ou talvez não) a inacessibilidade do Norton.
E lembro que, vintage por vintage, as nossas Vasconcellos, a Eugénia e a Rita, são as donas da primeira marca portuguesa, como testemunha a mais vibrante imprensa francesa.
Tanto que a Eugénia é, francês à parte, também sonhada em novelas na língua cervantina.
Já o Henrique, o Monteiro – ou Montero, como lhe chamam na esmagadora maioria do estrangeiro – é o todo o terreno em que todos querem pôr a mão.
Pois muito bem, mas eu próprio tenho de confessar que a infindável fonte dos meus inconfessáveis proventos vem de negócios ínvios e fumos desavindos. A publicidade é tão megalomana que até me envergonha um bocadinho. Paciência, o que interessa é que a conta bancária é uma irrespirável onda de fumo – mas onde há fumo há fogo.
Ajudem-me a revelar os terríveis negócios em que se camuflam os outros!
É nossa obrigação ajudarmos Mário Centeno introduzindo um mais rijo argumento no debate sobre o papel do Estado na dinamização de certas actividades económicas.
E calma, vamos por partes, que nem eu mesmo compreendo porque estou nesta alçada excitação. Do que quero falar é de Marthe Richard. Nasceu pobre e pobre cresceu, aprendiz de costureira. A vida dá muitas voltas, e em 1945, já a execrável tropa fandanga nazi tinha ido, e resumo, com o camandro, Marthe Richard incendiou Paris com uma causa: queria extinguir os bordéis legais, 180 em Paris, 1400 na França inteira. Fim à cruel exploração das prostitutas.
Vejamos, Marthe era uma heroína. Onde entrasse cantava-se a Marselhesa. Casou duas vezes, em nenhum dos casos com um ministro das finanças, e muito menos com um que fizesse das cativações o seu conto de fadas. Duas vezes viúva. Primeiro de Henri Richer, industrial abonado, morto em combate na I Grande Guerra; depois, do inglês Thomas Crompton, gestor de Fundação Rockfeller, que fez o favor de sucumbir, de uremia, dois anos após o enlace, deixando disposições testamentárias sumptuárias, que, sabendo-o, até eu casava com ele.
Viúva, Marthe levou uma vida que nem Pedro Santana Lopes nos tempos de exuberante lenço amarrado à testa. Reinou na noite e ganhou o cognome de viúva-alegre de França, legítimo repouso de quem, numa mistura de meias verdades com um quilométrico manto da fantasia, fora a primeira aviadora de França, na I Guerra, e a espia que rivalizara com Mata Hari. E mesmo na II Guerra, quando os boches conspurcaram a luz pura de Paris, Marthe seria e foi brava, fazendo rede com a Resistência.
Voltemos às meninas. Os deputados da República vergaram-se à faca da ideologia e da moral que Marthe lhes encostou à jugular. Muitos deles eram visitantes dos luxuosos conventilhos de lindas rameiras próximos da Assembleia Nacional. Recordo, pela deliciosa sugestividade onomatopaica do nome, o One Two Two, a que, ao menos para jantar, vinham o Aga Khan, o rei da Bélgica, Humphrey Bogart, Marlene Dietrich e Katharine Hepburn. O jantar era servido por jovens camareiras de saltos altos e uma camélia nos cabelos. Só. No One Two Two podia fazer-se a volta ao mundo: cada alcova tinha uma decoração típica, uma tenda índia, um iglu esquimó, um quarto do Oriente-Expresso, a réplica da câmara egípcia de Cleópatra. Havia ainda um bar, um refeitório exclusivo para as meninas e um gabinete médico.
Eis o que Marthe conseguiu, inapelável, fechar, resistindo à campanha que contra ela se montou. Dizia-se que às suas razões morais se juntaria aquela vontade de apagar da fotografia, como Estaline fez a Trotsky, um passado indesejável: tinha o seu nome inscrito, desde 1905, no registo nacional de prostitutas, surpreendida que fora, aos 16 inocentes aninhos, num quartel da prefeitura de Nancy.
Que pode Mário Centeno colher desta devota história? Antes de mais, o arrependimento de Marthe. Os deputados fecharam os bordéis e uma multidão de prostitutas encheu as ruas, o trottoir, expostas e sem cuidados médicos. Marthe viu a asneira e tentou reconstituir os bordéis, nacionalizando-os: as prostitutas, feitas quase assistentes sociais, passariam a funcionárias públicas. Eis uma inovadora dimensão para a função pública: a criação de bordéis, e por que não dos dois géneros, com valor social, em que, nas palavras de Marthe, prostitutas e prostitutos “tomem consciência da sua dignidade e do seu papel no Estado”. E, diga-se, com regaladas vantagens de cálculo para o PIB.
Publicado em Vidas de Perigo, Vidas sem Destino, no Jornal de Negócios
Bica Curta servida no CM, 5ª feira, dia 18 de Abril
Li no jornal da Sociedade Pediátrica Americana. E, por se juntarem ali os Messi e Ronaldos da pediatria, acredito e faço campanha: leia livros aos seus filhos. Comece a ler-lhes mal eles nasçam: um livrinho ilustrado por noite. O estudo da Sociedade Pediátrica vem quente como uma bica curta: aos cinco anos, uma criança a quem os pais leram um livro por dia, sabe um milhão e 400 mil palavras mais do que os catraios murchos que os pais arrumaram a xixi e cama.
Não se balde, amar os filhos é ler-lhes, dar-lhes palavras para dialogar com o mundo. E, já agora, escreverem um tuíte decente e não a vergonha dos tuítes de Donald Trump.
As notícias viajavam lentas. Vinham por caminhos ínvios. Na verdade, as notícias não viajavam: naquele tempo, deambulavam. Como se um tipo que saísse de Lisboa, para chegar ao Porto tivesse de passar por Paris.
Estavam quase a bater as 4 da tarde. Ali, para os lados do Hospital Militar de Luanda, eu gozava o remanso da Biblioteca Nacional de Angola que era bem dirigida pelo Prof. Carmo Vaz. Tinha, em cima da mesa, dois, talvez três livros. Um, era um concentrado vitamínico comunista chamado “Crítica ao Programa de Gotha”, em que Karl Marx, um vigoroso antepassado de Angela Merkel, ilustrava as massas sobre o que seria verdadeiramente a ditadura do proletariado e um partido da classe operária. Ao lado, humilde, estava um livro de John Lyons sobre outro dos meus bizarros interesses da época, a linguística. E ia jurar que fazia parelha com uma obra recente de Noam Chomsky. Era, como se vê, uma biblioteca bem apetrechada.
Interrompeu-me, então, o Jujú, um amigo do meu bairro, para me dizer ao ouvido, que a rádio sul-africana estava a dizer que, nessa manhã de 25 de Abril, em Lisboa, os militares tinham derrubado Marcello Caetano. Foi assim que eu soube, em Luanda, uma caterva de horas depois e ao ouvido esquerdo, que a ditadura tão portuguesa de António de Oliveira Salazar, continuada agonicamente por Marcello Caetano, tinha chegado ao fim.
Não havia nada que a esmagadora maioria da minha geração quisesse tanto. Queríamos que aquilo acabasse. Queríamos a liberdade! Em poucas horas, com a galhardia e a felicidade de ter até um certo sentido estético, uma acção militar acabou com um regime que tinha um inescapável tumor maligno a roer-lhe a alma institucional e a contaminar e a apodrecer a alma dos seus cidadãos: era um regime fundado na repressão da liberdade.
Mas também nunca tive dúvidas de que querer a liberdade tem muitas caras. Lembro-me, no ano marcelista de 1973, em Lisboa, andava eu a roçar-me, em esquinas clandestinas, pela extrema-esquerda, de uma conversa perto da Avenida de Berna. A um então militante do éme erre, confessei, com candura angolana, quiçá colonial, que queria ter a liberdade de um concerto dos Jefferson Airplane (por causa da linda e selvagem Grace Slick), que queria participar numa manifestação vital à la Woodstock. O que eu fui dizer. Uma liberdade até à virilha, de resto ausente da “Crítica ao Programa de Gotha”, era coisa de vade retro. E levei com um sermão contra os concertos rock, a droga, essa permissividade decadente que era o amor livre. Ele tinha estado na Alemanha Ocidental, em Munique, e essa “decadência” era horrível. E o consumismo? Ui, já me estava a ver a ter de despir as minhas ofensivas levi’s ianques.
O episódio pode parecer caricato. É anedótico, sim, mas não é anedótico se se levar a sério o que tem por trás. Do MRPP ao PCP, a extrema-esquerda e, sobretudo, a esquerda comunista, lutaram feroz e corajosamente, mais do que ninguém, contra a ditadura de Salazar, contra a PIDE, pagando nas suas vidas e muitas vezes com o corpo, essa luta heróica. Há uma epopeia comunista! Mas o objectivo dessa luta não era a liberdade. Era sim, o fim da ditadura de Salazar para a substituir pelo regime que Marx descreve com todos os substantivos na “Crítica ao Programa de Gotha”: criar uma ditadura do proletariado e um modelo social no qual, a liberdade, esse luxo burguês, é dispensável porque está resolvida pela natureza do regime.
O dia 25 de Abril é para mim o dia em que a liberdade livre nasceu. E a liberdade livre não tem programa, nem dono. Veio de capitães, não tem que ter coronéis. “Cumprir Abril” é apenas viver a liberdade de sermos a sociedade que, no exercício da democracia, esse pobre, prosaico, mas insubstituível regime (por enquanto, pelo menos), queiramos ser. E, por mais exercícios de intimidação cultural a que sejamos sujeitos, a começar pelos da esquerda não-democrática, nós vivemos em democracia. E, agora, também em globalização, o que faz com que a nossa vida seja dura e exija de nós, não a cultura da queixa e do ressentimento com que facilmente se atraem moscas, mas uma competência, uma racionalidade e uma coragem que temos de ir buscar, numa pequena parte ao nosso passado e em grande medida ao futuro.
Por obra e graça de uns capitães idealistas (mais uns do que outros, ou não fosse toda a vida humana um teatro de drama, tragédia e às vezes comédia), o dia 25 de Abril de 1974 foi o dia em que nasceu a liberdade livre. Se fosse o dia em tivéssemos ficado sujeitos à obrigação de Portugal seguir um exacto modelo de sociedade, o 25 de Abril não seria evocado, como é e eu aqui também o evoco, o dia da alegria pura, da alegria de todos.