Pés pelas mãos

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Bica Curta servida no CM, 5.ª feira, dia 20 de Junho

O que têm os pés de João Félix que as mãos de Agustina, Lobo Antunes, Camões, juntas, não têm?

O Atlético de Madrid pagou 120 milhões e uma bica para ter João Félix na sua lustrosa estante. É o que os portugueses pagam, num ano, pelos livros das estantes lá de casa. Os pés de um miúdo de 19 anos valem quase o mesmo que o nosso miserável mercado do livro. Benfiquista, e editor, confesso: adoro os pés de Félix, as mãos de Agustina e Lobo Antunes. Mas o livro, ao contrário do pé de Félix, já não marca golos. O livro está fora de jogo: mais um penalty e morre. Grito e não é golo: livros e livrarias são bichos em extinção. Alerta!

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Um puto vadio

Bica Curta servida no CM (mesmo ao pé do Estádio da Luaz, na 5ª feira, dia 25 de Abril

maninho

O pé direito de João Félix é ainda do século XX: nasceu no fim de 1999. É esse pé, do século de Pelé, Maradona e Eusébio, que faz o génio de Félix. O futebol do século XXI, todo tiki taka, é geométrico e táctico. Menos João, que é um vadio. Lá vai Jesus Cristo, onde estão os discípulos? Também João, peregrino, aparece por milagre onde ninguém o espera. Bebe a bica, multiplica os pães: e é cá cada pão! Mesmo a bola, certinha com os outros jogadores, ao cheirar o pé dele logo se converte, romântica, numa Maria vai com o Félix.

Há um puto vadio no estádio: faz o que gosta, chora, ri e saca tempo para dar beijinhos ao irmão.

Dá cá mais cinco

Esta Bica Curta bebi-a no CM, na 3ª feira, dia 5 de Março, para apaziguar as delícias gourmet do jogo com o grande FCP  – sublinho: a grandeza dos nossos adversários só aumenta a grandeza das nossas vitórias. Espero que hoje, ao começo da noite, na Catedral, João Félix volte a oficiar. Qual espero: tenho a certeza!

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Dá cá mais cinco

O miúdo a que a nação benquista chama João Félix, tem um metro e 80, que acompanha com a elegância de 64 quilos. O estudo anatómico do futebolista João Félix é uma exigência científica. Tem uma anatomia interjeccional. Corre, salta, finta, esquindiva, obrigando a multidão a soltar uaus! e ohs! e uis! Marca golos de cabeça, pé esquerdo ou pé direito, como quem toma a bica. No Dragão, foi de pé direito: toma e embrulha, apesar de estar o grande Casillas na baliza.

Pode alguém que ame o futebol não apertar a mão a um miúdo com tão bons pés, cabeça, cintura, pernas, enfim, um corpo que reinventa a esplêndida alegria de jogar à bola?

aperto de mão