A guerra e a paz

Jan_Matejko,_Bitwa_pod_Grunwaldem
Batalha de Grunwald, de Jan Matejko 

Bica Curta servida no CM, 5.ª feira, dia 29 de Agosto

A estatística da guerra e da paz dá boas notícias ao mundo: nos últimos 28 anos, em guerras civis, guerras entre estados, guerrilhas e terrorismo, ou seja, em todas as guerras morreram pouco mais de 81 mil seres humanos por ano. Comparado com o século XX é prodigioso o progresso da humanidade: no século XX, a média foi de dois milhões e trezentos mil mortos por ano. Brutal.

A guerra era das principais causas de morte de adultos: a terceira. Hoje é a 28ª e faz 16 vezes menos mortos do que os acidentes de viação. Em 2018, os mosquitos mataram 10 vezes mais pessoas do que a guerra. Digo eu: a globalização empurra-nos para a paz.

Sinto a falta

angola
Sinto falta de pessoas como estas. Lembro-me de uma fotografia dos meus pais, ele com um casaco assertoado como este, ela com saia-casaco parecido. Gente de paz

Às vezes, sinto falta de algumas coisas. Ou de algumas pessoas. Ou de algumas velhas sensações.

Sinto a falta
De histórias maravilhosas e verdadeiras sobre mulheres e homens, sobre traições, facas e tangos, cigarros ansiosos e lençóis clandestinos.

Sinto a falta
De pessoas que finjam com gentileza que não lhes interessa compreender o mundo e que acreditem, desinteressadas, num hedonismo cósmico.

Sinto a falta
De um pensamento que não se esgote em depressões taciturnas, em dores de cabeça do tamanho de um comboio, ou na venalidade de chás e bules.

Sinto a falta
De uma academia consciente de que a nossa melhor metafísica é cómica. Só no riso há metafísica.