Há duas semanas eram estes os ingentes temas que me afligiam. Bebi com eles as Bicas Curtas no CM, a 11, 12 e 13 de Fevereiro

Tragédia em dois actos
A forma como a China lidou com o coronavírus é uma tragédia em dois actos. Primeiro, a negação que silenciou o Dr. Li Wenliang, celebrado como herói depois de morto, mas antes preso e obrigado a declarar que cometera actos ilegais, espalhando rumores falsos.
O segundo acto, dramático, é o de tentar comprar os infectados que se escondem. Na província de Fangxian, as autoridades pagam mil yuans aos doentes que se apresentem nos hospitais. Premeiam também a delação: todo o cidadão que reporte a existência de outro cidadão com febre recebe 500 yuans. A China compra, agora, o tempo que a obstinada negação fez perder.
Dono do mundo
Trump é um bom bode expiatório. Põe-se a jeito e gosta. Mas a América de Trump vem de trás. O muro contra o México começou com Bush e Clinton e continuou com Obama. Trump, como Lenine, até gostava de os apagar da fotografia.
Com Trump a América tira o rabinho do fogo do Médio Oriente? Mas foi Obama o primeiro a sair de combate. Voltar as costas à Europa foi o suave desejo de Obama que Trump exacerbou. Isolacionismo e forte economia: hoje, nenhum país do mundo consegue viver sem os dólares americanos. Se quiser, a América estrangula qualquer nação privando-a daquelas notas verdes em que se lê In God we trust. Com ou sem drones.
Somos uns gajos sós
A liberdade descapotável que veio com a revolução sexual deu cabo de nós. Estou a falar dos homens, está claro. O amor significava antes o sacrifício a um certo compromisso com a família. Com a revolução sexual, caramba, nascemos para ser selvagens, sempre a abrir, com o cortejo de mil divórcios e nós a vemo-las passar.
Foi-se a velha família. Dizem os sociólogos que perderam as crianças, mais sozinhas, sem a garrulice de avós, tios e primos. Mas o homem também. O homem de hoje é um gajo só: perdeu a constância da doce companhia feminina e perdeu os laços de companheirismo que o atavam aos outros homens da velha e grande família.
“Somo uns gajos sós”
👏👏👏
LikeLike
isto não está fácil para o velho homem, meu caro Diogo. 🙂
LikeLike