A 22 de Dezembro de 1870, assistia a atónita Espanha a um total eclipse do sol, morreu Gustavo Adolfo Bécquer. O seu Romantismo tardio fundou a moderna poesia espanhola, mérito que partilha com Rosalia de Castro, poeta galega sua contemporânea. Escreveu: “Oh que amor tão calado que é o da morte! / Que sono o do sepulcro tão tranquilo!”.
As suas “Rimas” são de uma elegância e de um refinamento inultrapassáveis. Como neste curto poema (“La mejor poesia escrita, es la que no se escribe”), esplendidamente irónico e subtil:
Asomaba a sus ojos una lágrima,
y a mi labio una frase de perdón;
habló el orgullo y se enjugó su llanto,
y la frase en mis labios expiró.
Yo voy por un camino, ella por otro;
pero al pensar en nuestro mutuo amor,
yo digo aún: “¿Por qué callé aquel día?”
Y ella dirá: “¿Por qué no lloré yo?”
Ou seja, e mal vertido para português
Assomava a seus olhos uma lágrima,
a meus lábios uma frase de perdão;
falou o orgulho e enxugou-se o seu pranto,
e a frase nos meus lábios expirou.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas ao pensar no nosso mútuo amor,
digo ainda “Por que me calei aquele dia?”
E ela dirá: “Por que não chorei eu?”
O garoto tem olhos de carneiro mal morto.
LikeLike
🙂 Ah, o amor não é coisa fácil.
LikeLike
Bela tradução, ela tem o espirito do poema. Parabéns!
LikeLike
Obrigado.
LikeLike