Zero. À esquerda. O que sabem editores, perguntaria Camilo se andasse para aqui a escrever na blogosfera. Basta fazer uma passagem aleatória pela avaliações dos editores no momento da publicação de originais.
“Lolita”, de Vladimir Nabokov, por exemplo. Reparem, foi recusado por vários editores que lhe deram sonoramente com os pés. Como, noutro tempo e por outros editores, foi recusado o “Pride and Prejudice” de Jane Austen. Pior (ou melhor?): houve 22 editores que recusaram o “Dubliners” de James Joyce. Mesmo o consensual “War of the Worlds”, de H. G. Welles, levou uma redonda nega de um redondo editor. E a editora Harcourt Brace (de San Diego, Nova Iorque e Orlando), desdenhou o “The Catcher in the Rye”, de J.D.Salinger, que haveria de fazer a felicidade de outra editora, a Little, Brown, de Boston e Nova Iorque.
Digo isto e sei que exagero. É fácil atirar pedras aos editores, que costumam ser presos por ter cão e por não ter cão. Mas lembrem-se do vexame por que passou uma prestigiada revista literária (e conto como me contaram) a que um cínico enviou um poema de e. e. cummings, cuidadosamente reescrito de trás para a frente: o comité da revista deu-lhe o primeiro prémio do seu concurso para a eleição de novos talentos. Mal por mal e nunca fiando, antes o mau feito de uma escarrado não.
Os editores não são sempre um zero à esquerda, só às vezes. Mas o que os autores esperam deles é alguns zeros à direita. Entre outras coisas. Ou então, não.
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Isto é o meu gosto pela hipérbole.
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