Quero mais futuro

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Bica Curta servida no CM, 5ª feira, dia 16 de Maio

Quem convidaremos para tomar connosco a bica curta? Vem um mundo desconhecido a caminho e há muita gente assustada. O mundo vai ser oriental e este não é já o Oriente mítico dos nossos velhos aventureiros. Um Oriente de seda, de chineses reais, senta-se à nossa mesa. E senta-se a Índia, que cresce e cresce, e será maior do que a China e a América. E ninguém pára a África, obscenamente jovem, vital, com fome de sair do seu ancestral remanso.

Por mais que o húngaro Orbán ou o italiano Salvini queiram fechar a Europa num castelo, tombarão muros e fronteiras. O mundo vai ser mestiço e é esse admirável futuro que quero ainda viver.

Descaramento

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Noutro dia, um amigo meu ficou sem travões no carro. Vinha da Estados Unidos da América em direcção a Entrecampos e não teve remédio senão ir raspando com o popó na divisória central para perder velocidade e não atropelar ninguém. Um anjo ou a própria Virgem Maria, que já por cá não aparecia desde 1917, puseram-lhe a mão por baixo e o carro acabou por parar como se desejava. O que ninguém deseja é que a economia americana trave de repente. Mas a economia americana está, dizem-me, em desaceleração e em guerra com a chinesa, que por sua vez começa a ficar toldada por um nevoeiro que se adensa.

Aqui, nesta velha Europa, as velhas e relhas receitas populistas assombram e escurecem o chuvoso reino Unido, com o malfadado Brexit, mas também a mediterrânica Itália. Em França, Macron continua encandeado pelos reflexos dos coletes amarelos, enquanto a Alemanha se auto-suspendeu politicamente, tal como o espectador de cinema (mas este por melhores razões) suspende a descrença quando entra na sala. Com estas sombras e este crescente rumor de fundo é preciso ter-se descaramento para se entrar optimista em 2019. Eu sou um desses descarados e tolos optimistas.