
Estou num estado de espírito Jethro Tull. Estou num estado de espírito instrumental, um irreconhecível estado de espírito, batido a sopros de flauta e nostalgia. Estou num estado de espírito de Bach em plena Restinga do Lobito, com saudades vocais da Mitas e do Padre Augusto, do meu brother Rui Alves, dos alunos de quase a minha idade, Tina Leite Velho, Teresa Belo, Fernando e Semedo, o singular puto Quitos, filho de seu pai e depositário de toda a esperança, a Regina Queiroz, as queridas manas Mendonça.
As saudades são nómadas: vão da Restinga para a Ilha, para a minha igrejinha da Senhora do Cabo e dos cursos revolucionários de alfabetização, em Luanda, para os manos cristãos, mano Abílio, mana Faty, Victor Melo, as três Nandas, Cardoso, Dias e Guerra, a Tita, os ainda mais manos Mindo e Cesarito.
A Bach e a flauta, as saudades apertam-me docemente o crânio cada vez mais europeu. As saudades são como uma catedral de silêncio, luz, sombras e contemplação. Páram o tempo, expandem o passado, arrastam-nos para cordilheiras de aromas e sabores que julgávamos perdidos. As saudades que tenho até dos poucos amigos com que me zanguei. Estou num estado de espírito de tempo e silêncio, céus e beijos, voz e quebranto.
Raízes…: é como se uma perna fosse amputada e a sensação de que ela lá está, com isto ou aquilo, se mantenha viva. felizmente não tenho disso, é o máximo da nostalgia
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A perna não nos larga.
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