Nem precisam de me conhecer: quem visite esta Página Negra já aqui me ouviu bradar aos céus coisas de fazer chorar as pedras da calçada ou mesmo as inocentes amendoeiras em flor – quando estou assim, digo as coisas que me vêm à cabeça e quero lá saber! E recordo, passei o ano a queixar-me das livrarias vazias, a implorar aos leitores que comprassem livros, a pedir aos pais que amarrassem os filhos à cama e os obrigassem a ler.
E eis o que tenho a dizer aos amigos que se lavaram comigo em lágrimas, olhos postos no crepúsculo em que se transformou o livro, a leitura e a literatura: a Guerra e Paz, essa casa editora que me rouba os trabalhos e os dias, apesar daquela realidade sombria, fez o melhor dos seus últimos dez anos. O segredo que deu alma a esse glorioso cometimento foi a diversificação da nossa actividade e, confesso, uma imensa redução da nossa dependência da livraria. E mais não digo para não dar azar.
Mas agora, nesta abertura dos anos 20, eis que veio com Janeiro o Inverno do meu contentamento e os livros da minha tão bélica e tão pacífica editora desataram a ocupar os tops de vendas. Esta semana, por exemplo. Ora levantem comigo a flûte de champanhe ,que estes esforçados e cândidos livros bem o merecem:
O irónico e inteligente Assim Nasceu uma Língua, de Fernando Venâncio (ó mestre, nosso mestre) está em 1.º lugar no top da Almedina, em 4.º no top da Fnac (meu Deus, há quantas semanas!), em 9.º no top do El Corte Inglès. Que múltipla e ganhadora é a língua portuguesa.
O acabadinho de chegar às livrarias Memórias Escolhidas, de Domingos Lopes, deambulação de um ex-militante do velho Partido Comunista por um passado sob tutela tão vasta e funda como a de Álvaro Cunhal, está no 6.º lugar das vendas das livraria do El Corte Inglès.
Um romance, de José Jorge Letria, Coração Sem Abrigo, romance que, antes que tivesse acontecido na realidade, conta, entre outras coisas, a história de um sem abrigo que salva um bebé abandonado, está em 6.º lugar na mítica Livraria Barata.
E uma das minhas apostas políticas, Destruir o Fascismo Islâmico, da franco-marroquina Zineb El Rhazoui, vê a sua coragem reconhecida com o 10.º lugar no top de não-ficção da Almedina.
Eis na minha Guerra um pouco de Paz.
Parabéns Manuel! Continuação de uma boa viagem neste novo ano! Ergo o meu flutue e brindo ctgo!
Enviado do meu iPhone
No dia 13/02/2020, às 21:53, A Página Negra de Manuel S. Fonseca <comment-reply@wordpress.com> escreveu:
Manuel S. Fonseca posted: ” Nem precisam de me conhecer: quem visite esta Página Negra já aqui me ouviu bradar aos céus coisas de fazer chorar as pedras da calçada ou mesmo as inocentes amendoeiras em flor – quando estou assim, digo as coisas que me vêm à cabeça e quero lá saber! “
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Adelino, sempre à espera da tua próxima visita. Temos um almoço em falta…
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Parabéns Manuel. A si e a toda a gente que faz parte e pensa e trabalha na e para a Guerra e Paz.. Talvez se adie o crepúsculo do livro. Ou haja o milagre da leitura, mesmo se os pais não amarrarem os filhos à cama. Ou sobretudo
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Agradeço eu e agradece a equipa da G&P.
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