“Olá, fala a Marta…” A frase foi popular, mas só a repito porque – fez em Setembro 141 anos — aconteceu uma pequena revolução. O Boston Telephon Dispatch, sob a asa do senhor Bell, que, ouvi dizer, é um discutível inventor do telefone, foi o primeiro operador a criar uma central telefónica. Eram rapazes que se ocupavam de tudo, do telégrafo e dos telefones. Mas se no telégrafo eram ágeis e imbatíveis, ao telefone mostravam-se irritadiços, sempre prontos a praguejar, já para não falar na tentação de mandar para o Bujumbura quem só queria ir até Luanda.
Tocou uma campainha na cabeça do senhor Bell e ele revolucionou: entrevistou e contratou Emma Nutt, fazendo dela a primeira telefonista do mundo. A voz de Emma, suave, a sua paciência, uma prodigiosa memória que lhe permitia saber de cor todos os números do directório de Boston, ditaram o futuro: o triunfo das telefonistas, a maravilhosa associação do telefone à voz feminina. O telefone é uma mulher: é por isso que é fácil falar com ele, dar-lhe beijinhos, prometer-lhe ternuras e, claro, mentir-lhe com um bocadinho de vergonha.