É já dia 27 que vai a leilão esta bíblica Judite, a cortar o pescoço ao general assírio Holofernes. Viúva, a judia Judite, para salvar a sua cidade, Betúlia, cercada pelos assírios, seduz o general inimigo, embebeda-o e, com um golpe de espada, decapita-o. Regressa, depois, a Betúlia com a cabeça, que os judeus exibem às tropas adversárias, vencendo-as.
O quadro, descoberto há poucos anos, tem sido objecto de controvérsia. No dia 27, será leiloado como um Caravaggio genuíno. A base do leilão é de 30 milhões de euros, mas espera-se que ele acabe comprado por 100 a 120 milhões.
Caravaggio pintara, alguns anos antes, julga-se uma tela com esse mesmo tema, a viúva Judite de branco e ao centro. Na pintura a leilão, Judite está à direita e veste-se de negro.
Quero avisar já os leiloeiros, em Toulouse, que não licitarei. O valor está ligeiramente acima das minhas possibilidades, como largamente acima das minhas possibilidades está dizer se este “Judite e Holofernes” é ou não autoria do mais apaixonantes dos pintores ou se é de um discípulo franco-flamengo, Louis Finson. A olhar para o negro de uma e de outra das duas belíssima telas, gostaria de acreditar que a mão de Caravaggio, pincel como uma espada, pintou as duas.
Divertia-me se um novo Elmyr de Hory (F for fake) tivesse genialmente falsificado o quadro. Preços obscenos requerem um embuste obsceno!
LikeLike
Seria uma boa saída para o imbróglio. Sobretudo, Gonçalo, se tivéssemos sido nós os dois a armar a coisa.
LikeLike
Não sei, mas agrada-me mais a repulsa determinada que enruga a fronte da Judite do segundo quadro. E a mesma Judite no seu todo.
LikeLike
A mesma Judite! E, no entanto, é outra como a Bea bem observa.
LikeLike