Futuro luminoso

Bica Curta, servida no CM, 4.ª feira, dia 29 de Maio

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Os reactores de Forsmark, na Suécia

Esta é uma bica atómica. O nuclear é bom, limpo e seguro. Combinado com as energias renováveis, é nele que reside a esperança de uma energia que ajude a limpar o planeta, garantindo o desenvolvimento. Podia ser só a tese de um livro, A Bright Future, da autoria de um professor americano e um cientista sueco. Mas o nuclear é a realidade na Suécia e no Canadá, no Ontário, baixando brutalmente as emissões de carbono, duplicando a produção de energia. Mais barata.

O mundo precisa de energia que alimente o crescimento, capitalismo e comércio, para continuar a tirar da pobreza milhões de pessoas. O nuclear matava, hoje salva.

10 thoughts on “Futuro luminoso”

  1. O nuclear limpinho pelo mundo fora, e é para continuar a crescer. Bom, ou é é falta de estudo, ou é para ilustrar o facto de que há piromanias para todos os gostos.

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  2. OK, na Suécia talvez funcione (ignoremos os dejectos), mas aí não é preciso tirar milhōes de pessoas da pobreza. Pode-se quase enunciar um princípio de complementaridade: onde o nuclear pode (quase) funcionar, não há assim tanta gente na miséria. 🙂

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    1. Miguel, não pode fazer esse enunciado, não. O nuclear vai ser importante para produzir energia barata, logo produtos, dinamizando economias pobres. Segundo um relatório das Nações Unidas – The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) special report – Global Warming of 1.5 degrees – é essencial aumentar a utilização do nuclear: The IPCC report highlights the proven qualities of nuclear energy as a highly effective method of reducing greenhouse gas emissions, as well as providing secure, reliable and scalable electricity supplies. To maximise nuclear energy’s contribution electricity markets need to acknowledge these benefits. We also need more effective harmonised regulatory processes to facilitate significant growth in nuclear capacity and an effective safety paradigm where the health, environmental and safety benefits of nuclear are better understood and valued by society.” Ou seja, só um preconceito baseado na falta de estudo põe hoje em causa que a energia nuclear é segura e que os acidentes que pode haver comparam com as outras energias, como o avião compara com os outros meios de transporte – é o mais seguro.

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  3. Manuel,

    estamos na confluência não de uma, mas de várias crises interligadas: (i) climática; (ii) energética; (iii) biodiversidade; (iv) agroalimentar; (v) demográfica; (vi) recursos hídricos; (vii) disponibilidade de metais; …

    Para cada uma destas, podia dar-lhe referências várias. A complexidade do problema obvia as soluções expeditas e universais. A noção, implícita na sua resposta, de que o produtivismo que impulsionou o desenvolvimento económico ocidental durante o sec XX pode ser a solução para estas crises é um contra-senso: foi o produtivismo que as criou e ameaça exarcebá-las. Estimular indiscriminadamente as economias (um modo de pensamento impermeável à realidade dos recursos finitos), assumindo tacitamente que a erradicação da miséria depende do aumento exponencial da produção industrial, pior, pressupôr a intensificação das trocas materiais à escala planetária sem quaisquer outras considerações que os sinais de um mercado global, completamente financiarizado, e irracional na medida em que não entra em consideração alguma com a sustentabilidade física, geológica e biológica das nossas actividades, é um passo para o abismo.

    Um mundo finito não pode suportar um crescimento exponencial durante demasiado tempo, e o nosso já cresce exponencialmente desde há dois séculos (crescer uns pontos percentuais ao ano é crescer exponencialmente, para quem não o saiba). Pequeno exercício: suponhamos que uma espécie de bactérias nocivas começa certo dia a crescer num lago às 00h00, que estas se duplicam todos os 20 minutos e que, ao fim de 24 horas, cobrem completamente o lago. A que horas é que 1/20, 1/10, 1/4 e metade do lago vai estar todo coberto?… Se formos incapazes de fazer uma análise fina dos processos dinâmicos que estão em jogo no lago, e nos limitarmos a observar apenas a superfície, a que horas é que nos vamos dar conta de que o lago está em perigo?

    A fissão nuclear (a fusão poderá mudar a situação, mas está pelo menos a um século de distância e precisamos de sobreviver até lá) pode ser, nos países mais desenvolvidos, parte de uma solução transitória para ajudar a encaixar e minorar os choques sócio-políticos (leia-se guerras) que vão resultar da incapacidade crescente de sustentar o crescimento económico por falta de recursos energéticos. Este processo já está em curso na Europa. Mas, grande mas!, por uma variedade de razões, entre as quais a incapacidade para tratar/descontaminar os detritos e por não termos maneira segura de garantir a segurança do seu isolamento à escala de séculos ou milénios (onde se vê como o ensino da História é relevante nos domínios científico e técnico!), essa solução não é nem generalizável nem é de longo prazo.

    Nem mencionei o problema de escala: uma transição energética hoje é mais complicada do que há cem anos; mesmo então, com energias baratinhas e de acesso fácil, e uma muito menor procura, o tempo necessário para que uma novo tipo de fonte de energia se generalizasse era pelo menos da ordem do quarto de século, enquanto o consumo das mais antigas não diminuia mas se mantinha crescendo. Por alguma razão os chineses têm andado a construir todos os anos o equivalente do parque energético da França em centrais de carvão. Essas centrais têm grosso modo meio século de vida. Ups!…

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    1. Obrigado Miguel pela lição e pela forma cortês como aqui tem vindo – e que, ainda bem, não dispensa algum sentido de humor. Ups!
      Percebo ao lê-lo que o seu grau de informação é bem superior ao meu. Não obstante, insisto no meu paradigma: sim, é o capitalismo e a sua capacidade desenvolvimentista e tecnológica que vai salvar o planeta. Não é fé, é apenas a percepção que resulta da História das Ciências e da informação proveniente de cientistas que vou lendo. A energia produzida pelo nuclear responde da melhor forma (custos, segurança e eficácia) ao seu problema que começa no nó ecológico que é preciso desatar para atacar as cinco crises.
      Dos seus argumentos há um que não colhe, o dos dejectos do nuclear. Dou-lhe este exemplo: os resíduos produzidos na Suíça em 45 anos de programa nuclear civil podem ser armazenados, em tambores, num terreno do tamanho de um campo de basquete. Ficarão ali, sossegados sem fazer mal a uma mosca.Pelo contrário, os painéis solares exigem 17 vezes mais materiais (cimento, vidro, betão e aço) que os reactores nucleares e geram 200 vezes mais resíduos. Isto para não falar do morticínio das grandes aves (águias, falcões, condores, etc) que as turbinas de rotação rápida das eólicas provoca.
      Por fim, recordo que a poluição é reconhecida como uma causa de morte humana desde os anos 70, matando 7 milhões de pessoas por ano. O nuclear salva 1,8 milhões de seres humanos de perecer dessa causa, segundo o Environmental Science and Technology.
      E, afinal não é tudo, meteu-se por aqui uma mãozinha chinesa: a China tem 45 reactores nucleares em funcionamento, tem em construção mais 15 e vai iniciar a construção para um programa de 80. De resto, a China é já auto-suficiente para essa construção e já tem em curso a construção de reactores nucleares para exportação. (Juro que não fui à Embaixada na Lapa recolher esta informação 🙂 )

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