Bica Curta bebida no CM, na 5ª feira, dia 4 de Abril
Não tenho a arrogância de ser ateu. Aprendi a ler nos livros religiosos de minha mãe. Rezei, comunguei, confessei-me, bem antes de beber a bica curta. Hoje, admirando a ideia do amor ao próximo e do perdão das ofensas, mensagem maior de Cristo, se sou alguma coisa, sou um agnóstico que vê o catolicismo morrer.
Não foi só o escândalo da pedofilia que dura, e dura, e dura, como as célebres pilhas. Portugal perdeu o sentido do religioso. Deixámos de ver no catolicismo o sublime e o sagrado que eram o seu mistério. O papa Francisco é só um homem gentil deste mundo. Mas é o outro mundo que, na religião, queríamos desejar ou temer.
Está a referir-se a quê? À religião católica? Com todos os ses que lhe pertencem, mesmo com a pedofilia às costas, não morreu. Não creio que morra. E acredito que exista uma tendência do espírito humano para a religiosidade, com ou sem religião instituída.
Portugal está agnóstico, desviou-se da transcendência religiosa, criou novas transcendências. Não é mais feliz, nem mais eficaz, nem melhor.
Por favor, não diga – nem a brincar – que o papa Francisco é apenas um homem gentil deste mundo. Porque, mesmo que ele fosse apenas um homem deste mundo, seria muitíssimo mais que gentil.
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Eu gosto da humanidade que levanta a cabeça, insatisfeita, à procura, olhos ansiosos, um nariz que cheira o cosmos, ouvidos doidos pela música do silêncio. Julgo que estamos de acordo nisso. É o essencial.
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