Bica Curta servida no CM, dia 20 de Março
Um supremacista branco assassinou 50 muçulmanos que rezavam, na mesquita, ao seu Deus. O que é um supremacista branco? Que raiva lhe bombeia o sangue e o arrasta para o crime cobarde? Vejo nele o mesmo fervor tribal, identitário, que anima o neofascismo, o radicalismo ideológico, religioso, étnico, de género.
Todos são ferozes defensores da tribo: um retrocesso civilizacional. Lembro o que o capitão do mato, poeta Vinicius de Moraes, disse orgulhosamente que era: o branco mais preto do Brasil. Dedico-lhe esta bica. Eu também sou branco, preto, judeu, muçulmano. Supremacista branco é a besta que se reduz à merda de uma tribo.
A raiva acesa que se oculta em cada homem é loucura temível. Dantes, a gente acreditava que ela não existia, era ficção de filme. Depois, constatámos que cada homem a calava dentro de si, lhe ia partindo as pernas mondando, sulfatando, cerceando qualquer arrebitar de espigão teimoso. E hoje presenciamos o mal sem travão. Qualquer nome que lhe possamos dar é sempre hediondo e indigno. Nenhum tempo apaga a voz dos inocentes.
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Apagar a voz dos inocentes é o desígnio a que se entrega a “raiva acesa”.
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