Insensatez: músicas negras

toledo e bonfá
Toledo e Bonfá

Há coisas de que gosto com lentidão e espessura. Gosto de Maria Helena Toledo. Um dia, em Nova Ior­que, e espero que o ano de 1963 não me des­minta, ela gra­vou a bonita, mesmo muito bonita can­ção a que Tom Jobim e Vini­cius cha­ma­ram “Insensatez”. Luiz Bonfá, o marido de Maria Toledo, acompanhou-a no vio­lão. E ouçam, o tenor sax que sofre deli­cado a amar-lhe a voz é de Stan Getz. O pró­prio Jobim estava ao piano. Era uma noite de Inverno, nesse mês de Feve­reiro de que já se ouvem os passos, e o calor da sala, espesso, de cheiro a café, um certo fumo, pare­cia Verão.

Infe­liz­mente, o vídeo que encon­trei, perturba-me e confunde-me. Não sei se deixe deslargar-se-me o cora­ção  direitinho aos ouvi­dos para bei­jar a voz de Maria e o sax de Getz ou o deixe ir, ao meu cora­ção, digo eu, roçar-se pela tão insustentável e perdida beleza de Romy Schneider, num rival corpo a corpo com Alain Delon.

E que bonito era o som de Getz e tão transcendente a música brasileira.

 

8 thoughts on “Insensatez: músicas negras”

  1. Manuel: insensatez é ouvirmos tamanha canção enquanto o olhar se perde em tamanha beleza! Vai-se sonhando…
    (não havia outro vídeo? Com uma mocita de buço?…)

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    1. 🙂 🙂 Fecha os olhos, Gonçalo, fecha os olhos. E agora, deixa-me lançar-te um desafio público: não escreves um texto para eu publicar aqui, nos Meus Kambas? Tens de escrever, tens de escrever.
      Confirma, um abraço

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  2. Quanto gosto de Romy e Delon – mais dela que dele, confesso; apesar de certo azul nas camisas. Mas nunca tanto como desta canção. Talvez seja a ternura dolente que vem na música, talvez a simplicidade dos versos. Esta versão será a mais linda e cuidada. Que a canção vale de qualquer jeito, como diriam os nossos ditos irmãos que às vezes mais parecem parentes afastados e em desafecto.

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  3. Insensatez (How insensivity) na voz da Astrud Gilberto também não está mal, vai ate muito bem. Para mim, o Jobim de quem tenho a Biografia, da autoria do Sérgi0 Cabral é o maior compositor brasileiro de todos os tempos.

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  4. Manuel, como dizia o Herman, “eu é mais bolos…”.
    De qualquer modo, que outra forma há de as pessoas se comunicarem sem ser esta voyeurística rede? Ou escapa-me algo? Para o bem e para o mal, tenho um email. Abraço.

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