Frequentei as casinhas da esquerda o bastante para dizer que muitas vezes paira por ali, entre a salinha de estar e o caótico quarto, uma enorme dificuldade para se conviver com a beleza e, sobretudo, com a felicidade.
Em muito avarandado de direita pode até acontecer que, na piscina, se dispa tudo mas, com alguma frequência, o preconceito e a rigidez na relação com o “outro” são mais inamovíveis do que os muros de um castelo.
Mas não amarmos, à esquerda e à direita, é que não é solução. Porque, como disse o poeta:
A vida é bela, sem dúvida:
sobretudo por não termos outra,
e sempre supormos que amanhã se entrega
o corpo que já ontem desejávamos.
Jorge de Sena, Exorcismos