Lembrei-me de que Jean Seberg, em Bonjour Tristesse, é Cécile, e a Cécile cabe dizer uma das mais inesquecíveis réplicas que consigo repetir de cor: “It’s getting out of control. I just wish I were a lot older or a lot younger.”
E eis o que espero do Verão, entrar nele muito mais velho a ver se saio dele muito mais novo.
Às vezes, gosta-se por causa do que se vê. Outras, gosta-se por causa do que se sente. De Bonjour Tristesse (1958), o filme mais a cores de que me lembro, gosto do que vejo e gosto do que sinto. O filme, dirigido por Otto Preminger, é de 1958. A mim parece-me mais fresco do que o leite vigor do dia. Jean Seberg, a protagonista, tem muita culpa. A beleza dela é tão luminosa que cega.
E o guarda-roupa dá vida a um morto: blusas leves, calções que oscilam entre o curto e o muito curto, fatos de banho vermelhos, amarelos e azuis que lhe fazem fina a cintura, cabelo dourado quase rapado, vestido preto preso ao pescoço por uma gola tão pequenina. Tudo se passa dentro duma campânula chamada Verão. Faz calor (e ainda não se falava do aquecimento global). Passa uma brisa. Um frémito faz estremecer os corpos sentados à beira da noite. É Agosto e só me apetece mar. O banho nu da meia-noite.