Se sentes que está mole, não faças

charles
Charles Bukowsky

Há sem­pre outra forma de dizer as coi­sas. Há mui­tos anos, Michel Lei­ris, um fran­cês esque­ci­dís­simo, ensi­nou e, por um feliz acaso de lei­tura, ensi­nou tam­bém ao “eu” que eu era aos 18 (?) anos, que a escrita é uma forma de tau­ro­ma­quia – como o amor e a foda do amor. Escre­ver é expor-se: um tipo escreve como um mata­dor dança à frente de um touro em pon­tas. Se o touro marra, um tipo esvai-se em san­gue. Para deli­ca­de­zas é melhor que se esco­lha outro ramo.

Agora, ouço o recado, o pequeno e delicado conselho que Bukowsky, o orgâ­nico Bukowsky, deu (tal­vez não exac­ta­mente como Rilke) a todos os futu­ros escri­to­res. Ouvi-o e, para castigo, ficarei a ouvi-lo todo santo dia, toda a santa noite.