Azulejos Pretos

É um vício português. Não vou dizer que seja só nosso, até por nada ser já nosso. Mas é também um vício português. É este o vício: temos a nossa cabeça cheia de gavetas e a novidade inclassificável assusta-nos.

Um romance de Pedro Bidarra é uma novidade inclassificável. Não sabemos o que fazer com ele. Sobretudo, ofendidos pela ousadia, sabemos que não o vamos ler. Que desaforo, aparecer-nos, assim, uma novidade inclassificável, quando já trazemos a vida semeada de dúvidas. E se lemos? E se gostamos? E se, depois, os que sabem e sabem muito, nos dizem que é mau e temos de desgostar? Ou vice-versa, que também é um sarilho!

Azulejos Pretos, o romance de Pedro Bidarra, não é, de facto, um livro autorizado, nem recomendado. Não vem com bula. Experimente lê-lo: sem bússola, na noite escura, quando tudo é preto, as memórias, a melancolia, a música, o sarcasmo, o horizonte.

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