
Esta é daquelas visitas que a Cinemateca roubou a Tróia. Em tempos em que a cinefilia cobria a Terra de leite e mel, houve um festival de cinema em Tróia. Era um festival ocioso, pequenino, cozy e capaz de gerar as mais lendárias amizades. Um dia – quem sabe se não amanhã -, trago uma fotografia! A esses festivais vinha sempre “a vedeta”, Ora, como todos sabem só há no cinema uma vedeta, a vedeta americana. E a vedeta vinha – quase sempre – depois, à Cinemateca.
Neste ano, que eu já não sei qual tenha sido, a vedeta foi Kirk Douglas, pai de Michael, o tipo maduro que, tanto quanto eu sei, mais vezes mostrou o rabinho (assim mesmo, de expostas nádegas) no cinema. Musculada nudez que, como Spartacus, Kirk pai consagrara sob a estrita vigilância de Stanley Kubrick.
Aqui, e já não sei bem porque razão fui eu a guiá-lo, Douglas delicia-se com a exposição de fotos suas. Era simpático, desprendido, com aquela desempoeirada inteligência americana de quem é filho de judeus russos. Belo actor e produtor, um tipo com um impecável sentido de justiça.