
Todas as fotos têm uma história. Esta também. O João Lopes e eu éramos ao tempo programadores da Cinemateca e críticos de cinema no Expresso. Fomos entrevistar o Wim Wenders. O Paulo Branco, é claro, tinha-o trazido, e já não sei se foi antes ou depois, filmou com ele em Lisboa. Se bem me lembro almoçámos e conversámos no terraço do Hotel Tivoli e fomos depois andar pelos telhados de Lisboa, mais concretamente pelos do cinema Éden, nos Restauradores. Tinha acabado de ser fechado o cinema, mas ainda, no nosso idealismo, pensávamos que o poderíamos salvar. Nem as asas do desejo de Wenders fizeram o milagre. O Éden tombou e foi Virgin, primeiro, e hotel depois, sabe Deus para quê, que tudo durou bem menos do que as décadas de fitas, tiros e beijos do Éden.
O João e eu aprimorámo-nos com gravatinhas. O Wim Wenders parece saído do nova-iorquina Interview e o Paulo está com um dos mais selectos penteados que algum dia lhe vi, apenas uma traiçoeira fralda a assomar por baixo do pullover.