Bica Curta servida no CM, 3.ª feira, dia 5 de Novembro
Carlos do Carmo vinha, fim de semana, à sua casa na Caparica. Eu, colega de Filosofia da querida Judite, sua mulher, chegado de dois anos de independência em Angola, andava por ali com a tão bela Antónia. E ele, grande como Brel e Sinatra, abria-nos a casa. Bebíamos a bica curta, o filho às voltas, de triciclo.
É inútil louvar a sublime voz do Carlos. Dizem-me que vai cantar o último concerto. Mentira. Conheço-lhe a inacabável generosidade, a sedução dos olhos, discurso e corpo. A voz dele, igual à sua humanidade, é torrencial e imparável. Como no poema de Rimbaud, a voz do Carlos, mar que o sol abraça e leva, respira eternidade.