Esta é a nossa colecção de poesia. Capas de uma beleza despojada. O que eu gostava que os lessem.
As capas são de uma beleza franciscana. Mas abrem -se as capas e entra-se num revolto e negro mar de Adamastor. O poema é uma fala e as palavras de um poeta são as palavras que andam nas bocas do mundo, mas no poema, e só assim o poema se faz poema, a palavra ganha esse mesmo fogo rutilante que arde na cauda de um cometa, a mesma luz desse inquieto espasmo ou cintilação das estrelas.
É essa a luz que ilumina estes versos de Tanta Luz, poema de Eugénia de Vasconcellos:
Na hora mais madura do sol,
tanta luz, e na curva da duna
nem uma nesga de sombra
onde guardar a saudade:
o tempo passou.
a mesma que se incendeia no poema de João Moita:
Os campos extasiados de luz,
um verde ferino.
O calor de um sol em zénite
pousa ao de leve sobre a pele,
mas refracta-se no solo:
é a armadura do Outono
à superfície da terra.
Deixe-me dizer, meu caro leitor, que razões há para ler estes cinco livros de poesia. São cinco, como os dedos da mão, e não queira saber o toque de veludo que a polpa dos seus dedos reconhecerá nas capas destes livros. E há, depois, o inenarrável prazer da surpresa e da incontida carga de emotividade: há neles a beleza das coisas naturais. E há, por fim, o insustentável peso do coração, da aprendizagem, alegria e perda do amor.
Estes são os meus poetas. Gostava que os lesse. O que eles nos trazem de fulgurante inspiração merece ser pago. É com a leitura que se paga aos poetas a alegria primordial que nos dão.
Que lindos livros, senhor editor – diz uma, nada suspeita, autora, perdão, comentadora…
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Menina Eugénia, apareça sempre. Os seus livros são magníficos. Quem os leu, sabe e sentiu-o.
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Já lhe elogiei as capas de poesia mais do que uma vez; agora espero pela feira do livro, pode que algum beneficie da happy hour. Ou mesmo sem ela.
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Eu na Feira não mando nada, é o meu pessoal que determina descontos, happy hour, livros do dia 🙂 apareça que será bem recebida.
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