A criada e os pobres

O susto

Bica Curta servida no CM, na 5ª feira, dia 2 de Maio

Eusébia, personagem de “O Susto”, romance de Agustina, sai-se com uma boca guerrilheira: “O mal dos pobres não é serem pobres, é continuarem a sê-lo…”

Eusébia é uma criada, dedos sujos, molho de favas no avental, e quer acabar com os pobres. Mas há quem precise que os pobres sejam pobres para os desfraldar como estandarte, ao vento leste, sai lá. Bem se pode mostrar-lhes que o maior bem-estar está nas Suécias, Noruegas, Suiças, apostadas na prosaica equação de trabalho, capital, empresas, para acabar com os pobres. Querem lá saber: jamais trocarão os vistosos hinos da indignação pela chata bica quotidiana da competência.

4 thoughts on “A criada e os pobres”

  1. Hummm….não me parece que a competência seja uma bica. É antes um ar que se respira e transpira, espécie de necessidade a que Portugal não se habitua.

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    1. Não creio, Gonçalo, que Eusébia, essa criada orgulhosa, estivesse de acordo contigo. Ela era de um tempo em que esperar a ocasião era condescendência. E Eusébia já ouvira dizer à Tia Bárbara, coitada, que Deus tenha, “A ocasião? A ocasião tem uma asa partida, não voa alto.”

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