Já sei que vou comprar alguns sorrisos e muito enxovalho. Mas o que é que querem, cresci em Luanda, nos trópicos, a gostar muito de Roberto Carlos, bem antes de saber que a intelectualíssima Bossa Nova lhe prestaria um dia vassalagem. Valeu-me, aliás, algumas animadas discussões com o meu amigo Mário, barbeiro da Rua Alberto Correia, sábio e mestre, que me sacou um LP que eu tinha de valsas de Strauss, dando em troca, de volta, ao cabeludo que eu era, um do admirável brasileiro que, cantava ele, «daria a minha vida para te esquecer, eu daria a minha vida para não mais te ver».
De todas as canções dele, tinha eu 14 anos, houve uma, raramente tocada na rádio e estranhamente desaparecida nas reedições, que sempre estranhei, quase um desvio no estilo do rei, por ser tão tão triste, a roçar a elegia. Chama-se «Maria, Carnaval e Cinzas».
Redescubro-a hoje, a lembrar-me que ainda é carnaval e já, daqui a nada, quarta-feira de cinzas. Cantou-a num famoso concurso da Record, conceito fabuloso de televisão, em que o público aplaudia e vaiava, conforme os gostos, os cantores. Hei-de fazer crónica sobre o fenómeno.
Esta é a versão limpa, limpinha:
E esta é a versão de combate:
As duas – a limpinha e a “sujinha” – estão lindas. Gosto.
:):):)
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Yes 🙂
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Desconhecia esta canção e eu ouvia bastante rádio no tempo em que Roberto Carlos passava a toda a hora. As primeiras de que me lembro são “O calhambeque” e “A namoradinha de um amigo meu”. E não está sozinho, eu cresci na zona temperada do norte, com sede portuguesa e cadeira alentejana, e até aos quinze anos cantava desalmadamente as canções de Roberto Carlos, achava-o uma lindeza de voz terna que tornava bonito tudo que cantasse.
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Nem mais, também cantei O Calhambeque e o quero que você me aqueça nesse inverno e que tudo o mais vá para o inferno 🙂
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