
Há coisas de que gosto com lentidão e espessura. Gosto de Maria Helena Toledo. Um dia, em Nova Iorque, e espero que o ano de 1963 não me desminta, ela gravou a bonita, mesmo muito bonita canção a que Tom Jobim e Vinicius chamaram “Insensatez”. Luiz Bonfá, o marido de Maria Toledo, acompanhou-a no violão. E ouçam, o tenor sax que sofre delicado a amar-lhe a voz é de Stan Getz. O próprio Jobim estava ao piano. Era uma noite de Inverno, nesse mês de Fevereiro de que já se ouvem os passos, e o calor da sala, espesso, de cheiro a café, um certo fumo, parecia Verão.
Infelizmente, o vídeo que encontrei, perturba-me e confunde-me. Não sei se deixe deslargar-se-me o coração direitinho aos ouvidos para beijar a voz de Maria e o sax de Getz ou o deixe ir, ao meu coração, digo eu, roçar-se pela tão insustentável e perdida beleza de Romy Schneider, num rival corpo a corpo com Alain Delon.
E que bonito era o som de Getz e tão transcendente a música brasileira.