
Às vezes, sinto falta de algumas coisas. Ou de algumas pessoas. Ou de algumas velhas sensações.
Sinto a falta
De histórias maravilhosas e verdadeiras sobre mulheres e homens, sobre traições, facas e tangos, cigarros ansiosos e lençóis clandestinos.
Sinto a falta
De pessoas que finjam com gentileza que não lhes interessa compreender o mundo e que acreditem, desinteressadas, num hedonismo cósmico.
Sinto a falta
De um pensamento que não se esgote em depressões taciturnas, em dores de cabeça do tamanho de um comboio, ou na venalidade de chás e bules.
Sinto a falta
De uma academia consciente de que a nossa melhor metafísica é cómica. Só no riso há metafísica.