Quer sangue. Não, não é director de jornal popular, dos que se torcem e escorrem sangue. Quer sangue e não programa televisão generalista. Nem ministro, nem oposição populista e quer sangue. Não é anjo vingador, mas quer sangue e tem asas. Mafarrico, um minúsculo centímetro, suga e quer sangue.
Tenham medo: a cor de âmbar que lhe adoça o corpo não pode esconder a boca em forma de tubo, nem o sulco assassino da cabeça. É um lindo, terrível corpo de guerra. Voador de voos picados, tiro à flor da pele e certeiro no alvo. Não teme, ataca de dia: frontal, vaidosa do seu poder de fogo e sono.
Devo-lhe uma das glórias da minha vida: no meu primeiro emprego, em Luanda – 3º oficial de pública função, emancipado por não ter ainda idade de homem – combati o inimigo, a Glossina Palpabilis (ou será a Glossina Morsitans?). Éramos a Divisão de Combate à Tripanossomíase. Ganhámos: em Angola, a mosca tsé-tsé, que é esse o seu nome de guerra, foi então considerada extinta. In illo tempore.
Mas já se sabe, ninguém ganha uma guerra de guerrilha, muito menos contra um inimigo de asas transparentes.