Têm de ler “Life”, a biografia do Keith Richards. Embalei, inalei e o diabo a quatro, quando de repente o gajo, meu kota, me diz que foi o avô Gus a dar-lhe as dicas para o ensinar a tocar guitarra. Tudo numa única lição: tocas a Malagueña e és músico, não tocas e vai-te despir que a gente já te atende.
Ainda pensei que era uma boutade, mas bem mais à frente no livro, percebe-se que o Keith sendo mais de se despir do que de francesismos, volta, vestidinho e ao pé do adorado avô, a servir-se da mesma referência: tudo o que há para se aprender está na puta desta canção. Um puto inglês dos anos 50 aprendeu a tocar guitarra com uma cantiga mexicana a suar nostalgia de Málaga por tudo o que é poros. E não foi o Instituto Cervantes nem o raio que o mandou aprender assim. Foi o saxónico ou lá o que é avô dele: por gostar e saber do que gostava.
Isto não vai lá com subsídios nem com cara feia, isto vai lá com amor e com gajos bons.
Julgo eu que vi um filme sobre a vida deste músico e em que ele aprendia a tocar a malaguenha mas acompanhado. Lembro-me de ser a única música que queria aprender. Ou então sonhei isto e não há filme nenhum além do que me pinta o imaginário.
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Bem sonhado, Béa.
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