
Bica Curta servida no CM, 4.ª, dia 28 de Agosto
Ia falar do peixinho vermelho, mas falo antes de livros. Na América, 50% dos livros são comprados online na Amazon. Os leitores desertaram da livraria. Há menos leitores e não há leitores jovens. E agora sim, falo do peixinho vermelho. Os neurobiólogos fixaram o tempo de atenção das gerações formadas pela net: é de nove segundos, mais um do que o tempo de atenção do peixinho vermelho. O livro, em papel ou digital, perdeu a batalha dessa economia da atenção.
Sem leitores, livrarias exangues, os editores caem e a indústria do livro morre. A indústria cala-se, envergonhada, mas em Portugal já é pelos livros que os sinos dobram.
O negócio dos livros de André Schiffrin, que certamente conheces, diz tudo, acho eu. Os livros não desaparecerão nunca, mas a lógica do negócio tem dado cabo disto, é verdade. Este assunto dava um grande debate.
Leio a biografia do Galimard e olho para o Paes do Amaral e percebem-se várias coisas. Um é rico e lê; o outro é rico e… e quê?
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O Schiffrrin é a parte gloriosa da discussão, conceptual, filosófica, de qualidade; a catástrofe em curso é de outro tipo, é neurobiológica e é a despedida do livro como uma tecnologia adequada a este tempo…
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O peixinho da foto já nem tem força para avermelhar, está pálido, doente mesmo. Fico a lamentar as editoras e mais os peixinhos vermelhos que não lêem e nunca saberão o que perdem ou como é bom ter uma atenção vagarosa, alentejana mesmo. Tanta coisa bonita e prazeirosa que perdem. Tanta.
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É verdade, mas temos de nos despedir com suave tristeza ou não fosse o mundo composto de mudança.
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