A certas horas da noite a morte seduz e assusta-nos. Mas há convites a que não se pode ceder sem uma boa luta. Mesmo que o sonoro convite seja dito em “g” de gentle, consoante que o meu Aurélio diz ser fricativa palatoalveolar quando precede a vogal “e”, como é o caso neste poema de Dylan Thomas.
Gosto do ritmo, das rimas e do trovão de érres que se repete em “Rage, rage against the dying of the light”.
Entre a doçura e a fúria, Thomas terá escrito este poema, inundado de vogais abertas, quando o pai adoeceu gravemente. Só o publicou depois dele ter morrido.
Vale a pena ouvi-lo na pessoalíssima voz (tão teatral) do poeta galês.
Gosto deste poema e nunca o imaginaria dito desta maneira, quase melódica, quando o tom é mais pesado. Digo os últimos quatro versos para mim volta e meia… têm força.
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Gonçalo, o poeta é galês. Aquela gente de How Green Was My Valley 🙂
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Quem sabe foi deste poema que se lembrou Lobo Antunes quando deu a um livro o título, “Não entres tão depressa nessa noite escura”. O sentido é outro, ou será o mesmo. Não interessa.
E fica muito bem dito na sua voz dramática e que a mim me parece quase comovida. Não sei se foi por amor que os deuses o chamaram. Ou se nem o chamaram e ele mesmo foi por seu pé e trambolhão. Ao contrário dele, a poesia que deixou dança até fora das linhas.
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Um dia pergunto ao nosso romancista.
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